Antevisão da segunda metade da quarta temporada

A Entertainment Weekly faz uma interessantíssima antevisão da segunda metade da quarta temporada. A tradução do artigo é de MadPoet. No final podem encontrar um vídeo das gravações do episódio 4.09. "LOST: Os segredos dos bastidores! A vida nos bastidores de Lost em Oahu não é sempre um dia na praia. Por exemplo, nesta tarde de Março, sob um calor abrasador, a série de culto da ABC sobre náufragos numa ilha tropical perdida no tempo está a ser gravada… numa pedreira. Quantidade de diversão: zero! Os cavalos estão agitados pelo barulho de metralhadoras, o produtor executivo Jack Bender trabalha com um saco de gelo na cara por ter colidido com uma grua, e Michael Emerson – também conhecido como Benjamin Linus, o Outro maquiavélico omnipresente – está a derreter, devido à sua curiosa vestimenta para a gravação: um anoraque de lã. CLIQUEM PARA LER O RESTO DO ARTIGO (COM SPOILERS) “Definitivamente aqui não há glamour”, diz Emerson durante uma breve pausa nas gravações do primeiro episódio de Lost desde que a greve dos escritores parou a sua produção em Novembro. “Eu pensei que as coisas seriam mais calmas. Em vez disso, calham-me uma série de extravagâncias à Ben: luto, ando a cavalo, falo línguas estrangeiras… E ainda toco piano! Tudo coisas com que não me sinto naaaaaaaaada à vontade! Como é possível trabalhar duas semanas e sentir que já se precisa de férias?” Devemos sentir simpatia pelo maior demónio de Lost? Mas nem que aparecesse um urso polar na Tunísia! Além disso, há trabalho crucial a ser feito. Começaremos a vê-lo a 24 de Abril, quando Lost regressar com o primeiro de cinco episódios fresquinhos que irão encerrar esta intensa e abreviada quarta temporada. A EW passou três dias nos bastidores, e a julgar pelo aspecto da coisa – como o corpo que surge na praia do "campo Jack" (N.d.T.: já confirmado como sendo Dr. Ray) e o violento tiroteio que vai dizimar o "campo Locke" – o primeiro episódio após o regresso, auspiciosamente intitulado “The Shape Of Things To Come” (N.d.T.: A Forma Do Que Está Para Vir) irá lançar a corrida final com um trovão apocalíptico. E os quatro episódios seguintes irão responder a algumas grandes questões: como é que os tão falados Oceanic 6 saíram da ilha? O que aconteceu aos que ficaram? Porque é que o Sayid (Naveen Andrews) está a matar a mando do Ben no futuro? E quem é que está a apodrecer naquele maldito caixão? “Vai ser grande e épico”, promete Matthew Fox (Jack). “Os primeiros oito episódios foram escritos para serem a preparação para o que falta, e o facto de estarmos a fazer cinco em vez de oito episódios só significa que vão ser ainda mais intensos e mais cheios de estória. Está na altura da cobrança”. Mais importante ainda, o final – cuja Grande Reviravolta responde pelo enigmático nome de código “Volante de Burro Congelado” – irá lançar mais uma reinvenção da série. Citando o sétimo livro da saga Harry Potter, no qual J. K. Rowling quebrou a habitual estrutura do ano escolar de Hogwarts, o produtor executivo Damon Lindelof diz “Estamos a ter a mesma abordagem. As pessoas pensam que a série é ‘Pronto, eles estão na ilha e de repente – whoosh – estamos no passado ou no futuro’. Lá para o final da temporada eles estarão a pensar ‘Como é que podem continuar com isso?’ E estarão totalmente certos.” O Camp Locke chama-se na realidade Camp Erdman, um complexo da YMCA na costa norte da ilha. Nesta tarde salpicada de chuva, uma dúzia de jovens observadores sentam-se na relva e aguardam que Lost expluda uma das casas. À medida que os explosivos são preparados, o homem que interpreta o rebelde impostor Sawyer, Josh Holloway, responde a algumas questões. Um dos rapazes conta que a sua mãe, uma fã incondicional de Lost, fala sobre a série incessantemente, ao ponto de ele ter de tapar os ouvidos e implorar-lhe para parar. Os miúdos riem-se, tal como Holloway, mas o chefe do campo ficou atrapalhado. “Vá, não se esqueçam; façam perguntas com educação”, ele relembra. As estrelas de Lost já ouviram pior, especialmente durante o ano passado em que foram colocados na estranha posição de terem de se defender de duras críticas de como Lost perdera o rumo. “Quando vocês vieram cá na última temporada, eu lembro-me que não falei convosco”, diz Andrews à EW, “porque se tudo o que têm a dizer é negativo, para quê falar?”. Quando perguntado sobre o que correu mal durante a terceira temporada, Andrews sorri. “Bem, sem querer soar ridiculamente arrogante, a falha número um foi que eu não entrei muito em cena”. O actor ri-se, mas a sua personagem foi de facto sub-utilizada. “Muitos de nós não sabiam qual o caminho que a série iria percorrer, e não tenho a certeza se os escritores saberiam também. Pareciam estar a apalpar no escuro. Mas agora sim, estamos encaminhados.” Então como encontraram a luz ao fundo do túnel? Negociando a morte da série. Em Maio do ano passado, os líderes da série, Lindelof e Carlton Cuse, chegaram a acordo com a ABC para terminar a série em 2010 após três temporadas de 16 episódios; assim, os escritores de Lost têm sido capazes de trazer mais estrutura e objectivos à saga. Tudo começou com o fantástico final da temporada anterior, que trouxe a promessa de salvamento, e acrescentou a fórmula dos flash-forwards. Fox – que foi o único actor para além de Evangeline Lilly (Kate) a saber da revelação isto-não-é-um-flashback – lembra-se de mal ter sido capaz de manter o segredo junto do resto do elenco. “Eu sabia que isto elevaria Lost a um nível superior”. A nova temporada foi ainda mais longe, com novas reviravoltas, novas personagens e uma nova mitologia, que abre portas para o futuro. No centro da trama estão os Oceanic 6, um núcleo reservado de náufragos privilegiados – Jack, Kate, Sayid, Sun (Yunjin Kim), Hurley (Jorge Garcia) e o pequeno Aaron – que conseguiram de alguma forma sair da ilha. “Eu creio que introduzir os flash-forwards foi uma jogada de génio” diz Emerson. “Eu creio que toda a gente sente que a série agora está mais madura, que somos uma série para gente adulta, porque vamos ver que, tal como na vida, poderá não haver finais felizes para muitos de nós na ilha”. No mínimo dos mínimos, Lost deixou de sofrer ataques cépticos que reclamavam que os produtores não tinham um plano para o futuro. “Aquela pergunta ‘Mas vocês sabem para onde vão?’ de certa forma evaporou-se” diz Cuse. “O público já não tem medo de ser conduzido para um precipício”. E ninguém está mais satisfeito do que o elenco. O seu entusiasmo – e, em alguns casos, alívio – é visível. “Agora a estória está sobre carris, e nós limitamo-nos a seguir o seu ritmo, e eu gosto disso” diz Holloway. “Os argumentistas conseguem ser concisos, e essa é outra coisa que eu gosto”. Fox acrescenta: “Os argumentistas sempre disseram que precisavam dum fim para podermos começar a aumentar as rotações. Agora as rotações estão lá em cima”. Isto não quer dizer que a nova temporada esteja a ser perfeita. Depois de atingirem um dos momentos mais altos de sempre com The Constant, uma romântica viagem no tempo que terminou com Desmond (Henry Ian Cusick) finalmente a entrar em contacto com a sua alma gémea Penelope Widmore (Sonia Walger), Lost levantou o pé do acelerador. Um final fracamente enganador – Ela está no futuro! Ele está no passado! – para um episódio até aí poderoso, com Jin (Daniel Dae Kim) e Sun em foco, alienou alguns fãs perplexos. E o muito esperado regresso do traidor Michael (Harold Perrineau) desafiou a lógica temporal e de uma forma geral defraudou expectativas. Ainda assim, estes são problemas menores quando comparados com a aparição especial de Bai Ling, e as estranhas entradas de – até hesitamos em referir os nomes deles – Nikki e Paulo. Ironicamente, a força e a sofisticação da nova temporada pode ter renovado o hype criativo de Lost, mas também solidificou a reputação da série como um compromisso televisivo intimidante. As audiências têm decaído regularmente todas as semanas, desde os 17.8 milhões do início da temporada para os 13.4 do episódio 8. Quando a série regressar a 24 de Abril, será transmitido às 10, depois de Grey’s Anatomy, e se bem que pode angariar espectadores do sucesso da série hospitalar, a hora é menos do que McDreamy para uma série que exige atenção máxima. Mas o presidente da ABC Stephen McPherson diz que “embora gostasse de ver a série crescer em audiência… a verdade é que estes números já são bastante bons”. E ele está tão entusiasmado com o rumo que a série está a levar como qualquer um de nós. “Lost está a afirmar-se como uma das melhores séries de sempre. Estou feliz por termos acordado o final da série, porque assim libertamo-los para fazerem o que eles querem fazer”. E o que eles vão fazer é avançar com pedaços sumarentos de estória. Além de ser uma aventura de flash-forwards de um Ben muito viajante pelo mundo, na qual a sua guerra pelo controlo da Ilha com o bilionário britânico Charles Widmore (Alan Dale) vai ser intensificada, o nono episódio revisita um sub-enredo há muito em "banho maria": o romance de Sayid com Nadia, o seu amor iraquiano. Segundo Lindelof, uma nova dimensão do monstro de fumo será revelada, seguindo a regra que estipula que “sempre que ele aparece aprendemos algo novo sobre ele”. E Cuse diz que uma importante nova estória começará para Claire (Emilie de Ravin), a mamã de Aaron, que perdeu o namorado Charlie no final da última temporada. “Algumas coisas misteriosas estão a acontecer à Claire que vão ser importantes no próximos episódios – e nos próximos anos também”. "The Shape of Things to Come" vai ser seguido por um flashforward de Jack. "Nós estamos a começar a fechar o ciclo iniciado com o final da temporada anterior", diz Fox. "O Jack do futuro é um homem marcado pela fraqueza, mas o Jack do presente é forte. Vocês vão perceber como ele fez essa transição". Os últimos três episódios incluem um único flashback, que os produtores dizem ser um episódio mítico para... alguém. O rumor: Locke (Terry O'Quinn). Os fãs vão ver também uma nova estação da Dharma chamada Orquídea - todos os três níveis da mesma - que pode dar algumas luzes sobre as propriedades de deformação do tempo na Ilha. Personagens periféricas favoritas como Penelope, o Outro que não envelhece Richard Alpert (Nestor Carbonell) e o homem mistério no exterior da Ilha Matthew Abaddon (Lance Reddick) vão aparecer. No entanto, devido à greve, dois novatos da fragata - o físico exausto Daniel Faraday (Jeremy Davies) e o caça-fantasmas Miles Straume (Ken Leung) - não vão ser o centro de atenções até ao próximo ano. O final de 22 de Maio (N.d.T: agora 29 de Maio) vai complicar o triângulo amoroso Jack-Kate-Sawyer com um "beijo espectacular" e elaborar na ambição de Jack do futuro em voltar à Ilha. "O final deste ano vai resumir exactamente o quão difícil pode ser [para Jack] realizar isso", diz Lindelof, que adiciona esta resposta críptica à especulação de que os flash-forwards vão desaparecer assim que o presente na Ilha se encontrar com o futuro fora da Ilha: "Poderá existir uma altura em que a palavra 'flash' se torna irrelevante". Enquanto os fãs esperam para ver que forma Lost terá no futuro, o elenco espera para saber se farão parte dele ou não: o perigo abunda nos próximos cinco episódios. Durante a estadia da EW nos bastidores, Garcia preparou-se para um encontro com o monstro de fumo e Holloway foi borrifado com suor falso e um toque de sangue como preparação de um violento tiroteio. Depois de pescar o corpo mistério das ondas, Daniel Dae Kim foi questionado acerca do destino incerto de Jin (aparentemente ele morreu no episódio de 13 de Março), o actor respondeu com um grito misto de pânico e gozo: “Eu não sei!”. Tal como no início, Lost é a série em que tudo pode acontecer. A secar ao sol depois de uma onda enorme ter atingido o cenário, Yunjin Kim senta-se na relva junto à praia e resume tudo numa frase: “Parece a primeira temporada. E eu estou a adorar!”. Artigo original em EW