A Tecnologia da Bomba Nuclear Descodificada
A Popular Mechanics analisa esta semana a tecnologia envolvida na bomba nuclear de Lost e teoriza sobre o que aconteceu à "Jughead". "O último episódio de Lost, "Jughead", teve a sua dose de momentos surpreendentes. Tal como aquele em que descobrimos que o super-rico (e super-misterioso) homem de negócios Charles Widmore estava a financiar a investigação de Daniel Faraday com as viagens no tempo. Ou como aquele outro momento em que descobrimos que o próprio Widmore foi, em tempos, um Outro que falava latim na mesma Ilha que passou os últimos 20 anos a tentar encontrar. E, depois, há aquele pequeno pormenor de existir uma bomba nuclear na Ilha! É essa última adição ao itinerário de estranhos objectos da Ilha que vamos analisar neste artigo. Quando foi capturado, juntamente com Charlotte e Miles, Faraday decide que a chave para a sobrevivência do grupo é fazer os Outros pensar que a sua equipa multi-étnica faz parte da força militar norte-americana - mas eles não são apenas tropas vulgares, são cientistas enviados para recuperar uma bomba de hidrogénio. Pedimos a Ivan Oelrich, especialista em bombas nucleares e vice-presidente do programa estratégico de segurança da Federação de Cientistas Americanos, para nos dar umas luzes sobre o funcionamento das bombas de hidrogénio. Antes de começarmos, aqui fica uma história resumida do armamento nuclear: as bombas "Little Boy" e "Fat Man", que os EUA largaram no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, não eram bombas de hidrogénio; tratavam-se de bombas atómicas, um tipo diferente de arma nuclear. Uma bomba atómica baseia-se na fissão nuclear para criar a explosão, ao passo que uma bomba de hidrogénio se baseia na fusão (apesar de muita da energia explosiva ser também criada através de fissão) e é muito mais poderosa. Nunca uma bomba de hidrogénio foi detonada contra um inimigo, mas os EUA já fizeram testes com estas armas. Nos anos 50, foi levada a cabo, nas Ilhas Marshall do Pacífico Sul, a "Operation Castle", uma série de testes a armamento termonuclear. A primeira bomba de hidrogénio de combustível seco termonuclear foi detonada com sucesso no dia 1 de Março de 1954, no Atol de Bikini das Ilhas Marshall, operação designada "Castle Bravo". Devido ao sucesso inicial da "Castle Bravo", um segundo tipo de arma nuclear, a bomba de hidrogénio criogénica, acabou por não ser testado. Curiosamente, esse grupo incluía uma bomba de hidrogénio criogénica com o nome de código "Jughead". Queimaduras radioactivas devido à proximidade a uma bomba de hidrogénio Faraday foi capaz de deduzir que existia uma bomba na Ilha, depois de olhar para as mãos com ligaduras de um dos Outros. Faraday diz a Alpert que são queimaduras resultantes de radiação, indicando que o armazenamento da bomba está comprometido. Contudo, obter queimaduras de radiação, simplesmente por estar perto de uma bomba de hidrogénio - comprometida ou não - é algo que não é possível. "As pessoas pensam que o combustível que alimenta uma bomba atómica é intensamente radioactivo, mas, na verdade, não é", diz Oelrich. "Torna-se radioactivo depois da reacção". Basicamente, se a bomba estava a emitir o tipo e a quantidade de radiação capaz de queimar alguém, mais pessoas seriam afectadas. "Parte do problema de detectar armas nucleares é que estas não emitem muita radiação", refere Oelrich, "De certo modo, seria bom que emitissem muita radiação, pois, nesse caso, bastaria passarmos com um contador Geiger por cima da bomba e dizer 'Ah ha! Alguém está a tentar introduzir uma bomba nuclear no país!' Mas não é assim que funciona." Naturalmente, existe a possibilidade de aquelas queimaduras terem sido causadas por um tipo diferente de material radioactivo. Armazenamento com fuga Quando Faraday é levado até à bomba pela primeira vez, ele sobe a escadaria com o cuidado que seria de esperar de quem se aproxima de uma arma nuclear. No entanto, ele não está particularmente preocupado. Só quando vê o material espumante que vasa de uma fissura no armazenamento da bomba é que começa a preocupar-se. "Não é seguro, temos de sair daqui", diz ele a Ellie, a Outra encarregada de o manter debaixo de olho. Se não é conhecedor do funcionamento das bombas de hidrogénio, provavelmente assumiu que qualquer fuga é uma má notícia. De certo modo, essa ideia está correcta. Oelrich explica "Não é que exista uma imensa quantidade de líquido numa arma nuclear que possa corroer para o exterior". "Se eu visse a espuma a sair, assumiria que parte da bateria corroeu, escapou ácido, e corroeu outro material, como um plástico, e vasou." Embora, pessoalmente, não ache provável, Oelrich admite que é possível. Mas, se esta "Jughead" é realmente suposto ser a "Jughead" criogénica que fez parte da "Operation Castle", seria mais provável que esta infiltração se devesse a espuma de isolamento que de alguma forma se dissolveu. A partir daqui, existem duas maneiras de esta bomba ser perigosa: Primeiro, pode estar a escapar plutónio, que pode ser perigoso, caso seja inalado ou ingerido. Oelrich especula que, se realmente o líquido estiver a vasar de uma bateria, o mais provável é ser plutónio. "Se o ácido de uma bateria escapar, então pode dissolver o plutónio numa forma que pode vasar." Segundo, como Oelrich diz, "é uma bomba - pode ser perigosa se explodir!" Nos termos mais básicos, uma bomba nuclear funciona da seguinte forma: snvolvendo uma bola de plutónio está outra bola cheia de explosivos. Quando estes explosivos são detonados de forma perfeitamente coordenada - planear esta primeira explosão é a parte mais difícil de criar uma bomba - o plutónio é empurrado para baixo, tornando-se muito denso e assim activando uma explosão nuclear. Se apenas parte do detonador convencional fosse activado por, digamos, uma bala perdida disparada por Ellie - a primeira explosão poderia ser activada, mas, provavelmente, a explosão nuclear não aconteceria. "O pior dos casos seria a dispersão de plutónio, o que seria perigoso, mas bem melhor do que a alternativa." Tornando uma bomba de hidrogénio inerte Faraday leva os Outros ate à bomba, dizendo que a pode tornar "inerte". O primeiro passo seria desactivar o detonador. "Depende do desenho particular da bomba," explica Oelrich, "mas, nos anos 50, seria possível ver os fios do detonador. A primeira coisa a fazer seria cortar cortar os fios para não activar a bomba simetricamente." Depois, diz Oelrich, para eliminar a possibilidade de uma explosão acidental, teríamos de estragar os explosivos. "Se fosse eu, colocaria os explosivos em água ou tentaria dissolvê-los com álcool. Estou apenas preocupado que os explosivos possam rebentar acidentalmente. Não é provável que isso aconteça, mas, atendendo a que estão ligados a uma bomba de hidrogénio, bom, isso é o suficiente para nos estragar o dia". Depois de tratar dos explosivos, teríamos de lidar com todo o material radioactivo. É aí que o chumbo e o cimento entram. Como sugeriu Faraday, enterrar a bomba no subsolo, com um invólucro de cimento ou chumbo, seria o suficiente para conter qualquer radiação que a bomba esteja a emitir agora e no futuro. No entanto, o plutónio poderia vasar para a água subterrânea, tornando-a perigosa por centenas de milhares de anos. Enterrar a bomba não seria, portanto, uma solução permanente. Os Losties viajaram para outro instante temporal antes que descobríssemos se os Outros enterraram de facto a "Jughead" - mas não antes de John Locke ter pedido a Richard Alpert para o visitar no dia do seu nascimento, dois anos mais tarde, de modo a provar que Locke é realmente o líder dos Outros - por isso, a bomba pode ainda andar por aí, algures. Se não for contida, há algumas coisas que a radiação pode fazer: causar doenças relacionadas com radiação, curar cancros e talvez até ter efeitos nocivos em mulheres grávidas. Vamos deixar os nossos leitores juntar as peças do puzzle. Tradução: LOST in Portugal Etiquetas: Curiosidades |