Porquê carregar na tecla?
Um dos sub contextos de LOST mais óbvio é o da ciência versus fé. O retrato mais notável deste tema é a justaposição de Jack, o pragmático neurocirurgião, e Locke, o idealista “gerente regional de uma companhia de caixas”. Um dos conflitos mais notáveis que estão a surgir a partir deste contraste é claro, a tecla. “Pressionar a tecla”, ou mais exactamente, inserir uma sequência de números e pressionar “execute”. Porque deveria Jack, o pragmático, dar um salto de fé? Existe um paradoxo inerente à aceitação, neste caso, de pressionar a tecla. O paradoxo é: Nós não sabemos o que acontecerá se a tecla é pressionada. Nós não sabemos o que acontecerá se a tecla não for pressionada. Então, qual dos dois é melhor? O universo está em constante mudança, o que significa que nós também estamos sempre a mudar. Podemos tentar evitar a mudança, ou aceitá-las; mas a mudança pode ser tanto para melhor como para pior. Portanto, a resposta à questão, “Qual dos dois é melhor?” envolverá sempre um salto de fé, porque não existe uma resposta correcta. Como decidir? O filósofo Blaise Pascal, quando teorizava sobre a questão da existência de Deus, apresentava a posição que a recompensa de acreditar em Deus caso ele realmente exista é infinita. Então, por tão pequena que seja a possibilidade da existência de Deus, é sempre melhor acreditar do que não acreditar. Claro que se trata de um argumento subjectivo mas poderá ter sido uma das razoes que levaram Kate e Sayid a tomarem o lado de Locke. Eles sentem que se “carregar na tecla” irá salvar o mundo de qualquer catástrofe que desconhecemos, então por mais pequena que seja a possibilidade que a catástrofe aconteça, é melhor continuar a carregar. Qualquer outra possibilidade parece insignificante perante esta. Hurley que também estava presente aceitou o facto derivado ao factor medo, ele pensa que os números estão amaldiçoados. O que nos leva de volta ao Jack. Porque decidiu ele carregar na tecla? Como um homem racional e pragmático, ele poderá ter pensado de maneira semelhante a Pascal, mas também ter sucumbido à pressão do grupo. Ele deve desempenhar o papel de líder do grupo, servindo o bem maior, mesmo que isso signifique ir contra o que acredita. Etiquetas: Curiosidades, Dharma |