Curiosidades Enter 77
Enter 77 prometia ser um dos episódios mais reveladores de Lost e a promessa parece ter sido cumprida. Apesar de ser um pouco difícil confiar nas informações de Mikhail, parece-nos que podemos assumir, com alguma segurança, que estas informações são fiáveis. Neste post, vamos analisar as possíveis respostas dadas pelo episódio, bem como tentar responder a algumas das muitas questões que se têm vindo a acumular em duas temporadas e meia da série. Mikhail começa por dizer que a Iniciativa Dharma e os Outros são dois grupos distintos e que os Outros já se encontravam na Ilha muito antes da chegada do outro grupo. É provável que os Outros sejam descendentes dos tripulantes do Black Rock, descendentes do povo que construiu a estátua do pé com quatro dedos ou uma mistura destes grupos com membros da Dharma. Não é de todo improvável que, inicialmente, os Outros fossem indígenas e vivessem de forma não civilizada. A Ilha parece atrair, com alguma frequência, embarcações e aeronaves cujos sobreviventes podem ter influenciado o crescimento e educação da sociedade dos Outros. Esta sociedade recém-formada teria o desejo de se manter isolada do resto do Mundo, não mantendo qualquer contacto com o exterior, à semelhança do que aconteceu durante mais de uma geração nas ilhas Pitcairn. Nos anos 70, a Iniciativa Dharma chega à Ilha. Possivelmente, terá existido um pacto entre a Dharma e os nativos, que consistia em os primeiros fornecerem conhecimentos técnicos em diversas áreas enquanto que os segundos forneciam mão de obra para a construção das estações. Apesar do pacto, alguns nativos continuam a ver a Dharma como um invasor (um pouco como os Índios Americanos que viram as suas terras serem progressivamente ocupadas) e o conflito torna-se iminente quando algo de muito errado acontece nas experiências científicas e torna infértil toda a população da Ilha. Esta infertilidade poderá ter resultado das experiências com energia electromagnética. Tem início a "Purificação", que Mikhail mencionou e que poderá ser o "Incidente" referido por Marvin Candle no vídeo de Orientação do Cisne. O resultado do conflito é a eliminação de praticamente todo o pessoal da Dharma e o cancelamento da Iniciativa, em 1988. Todas as estações são capturadas pelos Outros, à excepção do Cisne, a mais importante de todas. Apesar de o projecto estar oficialmente cancelado, a Fundação Hanso continua a enviar mantimentos e a recrutar pessoas para o Cisne, desta vez com forte experiência militar (como Kelvin Inman e Radzinsky). Durante a sua estadia no Cisne, Radzinsky pinta o mapa da escotilha de uma forma algo secreta e possivelmente apenas do conhecimento dos membros da Dharma, de modo a evitar fornecer informações aos "hostis". Poderá parecer estranho que, até à chegada de Desmond e do voo 815, a Dharma tenha conseguido manter o controlo sobre o Cisne. No entanto, tendo em conta a experiência militar dos ocupantes da escotilha e o forte armamento de que dispunham, os Outros terão pensado que seria demasiado arriscado atacar aquela estação. A outra hipótese é a de que a marcação do código no Cisne seja algo que ainda escapa à compreensão dos Outros, pelo que decidiram não arriscar capturar a estação. É provável que, durante a "Purificação", alguns membros da Dharma se tenham juntado aos Outros. Um bom exemplo será Tom, que citou Alvar Hanso quando encontrou Jack, Locke e Sawyer na selva e que aparenta conhecer as experiências realizadas com ursos polares e outros animais. Após o conflito, Ben torna-se o líder dos Outros e a cultura da Dharma é progressivamente assimilada pelos nativos da Ilha. Dada a enorme quantidade de manuais e vídeos disponibilizados pela Iniciativa, essa tarefa de aprendizagem não terá sido de todo difícil. A vida na Ilha torna-se um pouco mais calma, mas há agora um grande problema a resolver: a infertilidade. Continuando a admitir que o desejo dos Outros é viver na Ilha de forma isolada do exterior, a infertilidade impede naturalmente a criação de uma nova geração. Posto isto, torna-se necessário criar uma entidade exterior (Mittelos) que contrata investigadores especialistas nesta área (Juliet). E, durante três anos, Juliet investiga possíveis soluções, não tendo, aparentemente, resolvido o problema até agora. A estabilidade desta situação é abalada pela queda do voo 815. Os sobreviventes representam simultaneamente esperança e medo para os Outros. Esperança, pois entre os sobreviventes existem crianças que os Outros podem criar como suas (à semelhança do que aconteceu com Alex) e, deste modo, minorar o problema da infertilidade. Medo, pois rapidamente se torna evidente que alguns dos sobreviventes são pessoas bastante perigosas. Desde logo se começam a notar os resultados dessa situação de crise, com elementos de ambos os lados a serem assassinados (Scott e Ethan). As crianças e as "boas pessoas" são raptadas para as integrarem na sociedade dos Outros e as protegerem de um eventual conflito com os losties. Sensivelmente na mesma altura, Ben toma conhecimento de que tem um tumor fatal na coluna. Este aspecto acaba por lhe permitir elaborar um plano complexo, que se desenrolou secretamente durante a segunda temporada e que apresentava dois objectivos principais: por um lado, conseguir que Jack o operasse; por outro lado, apoderar-se ou destruir o Cisne. O plano inicia-se com uma ligação ao computador do Cisne, feita a partir de uma das estações controladas pelos Outros e com o objectivo de atrair Michael, que julgava estar a comunicar com Walt. Note-se que Marvin Candle, no filme do Cisne, avisou para os enormes perigos que adviam de uma tentativa de utilizar o computador para comunicar com o exterior. Michael acaba por ser capturado pelos Outros e fornecer informações sobre os novos ocupantes do Cisne, isto é, os losties. A segunda parte do plano de Ben consistia em infiltrar-se no Cisne com a história de Henry Gale e o seu balão. Talvez Ben não esperasse alguém como Sayid, que nunca acreditou na veracidade da história e foi mesmo capaz de cavar a sepultura de Henry Gale para tirar todas as dúvidas. No entanto, Ben apercebe-se de que o grande responsável pela marcação do código no Cisne era Locke e por várias vezes tenta manipulá-lo. Provavelmente, o seu objectivo seria o de levar Locke a desistir de marcar o código. Mais tarde, durante o "lockdown" na escotilha, Ben comunica com Ms. Klugh, através do computador, para lhe fornecer a lista de quatro pessoas que Michael deveria levar ao acampamento dos Outros. Klugh, por seu lado, mostra Walt a Michael e entrega-lhe a lista. No final da segunda temporada, Locke fica convencido de que a marcação do código na escotilha não tem qualquer utilidade. Desmond activa o sistema anti-falha e lança uma enorme descarga electromagnética pela Ilha que desactiva todos os equipamentos eléctricos, incluindo o sistema de comunicação da Chama. No momento da descarga, "quando o céu ficou roxo" (devido à ionização), Ben é o único que não fica surpreendido, pois tudo isto faria parte do seu plano. Alguns fãs sugerem mesmo que a destruição do Cisne terá resolvido o problema da infertilidade. Neste episódio, verificámos a existência de vários explosivos C4 na estação Chama. De acordo com a ordem de ideias que temos vindo a seguir neste post, é possível que tenha sido Ben a ordenar a colocação dos explosivos. Tal significa o corte de qualquer contacto com o mundo exterior, permitindo aos Outros viverem de forma isolada e eliminarem qualquer ligação a Hanso, Dharma ou Mittelos. No entanto, muitas dúvidas ficam relativamente à origem dos explosivos e a à utilização do computador da Chama. Mikhail disse a Locke que o jogo de xadrez "fazia batota" e que tinha sido programado por três grandes mestres. No entanto, Locke venceu-o facilmente. Desde logo se coloca questão de porque razão esconderia a Dharma um procedimento de emergência, por detrás de um jogo de xadrez. Tal pode ser explicado se pensarmos que, para activar o procedimento, não era realmente necessário ganhar o jogo, mas sim introduzir um conjunto de jogadas específicas, possivelmente relacionadas com os Números. De facto, alguns fãs argumentam que Locke não conseguiu efectuar um cheque-mate, como é visível na figura seguinte: Locke terá então tentado algumas combinações e conseguiu desbloquear o sistema. Teriam os Outros conhecimento deste procedimento de emergência? Em seguida, Locke pressiona 3-8 para tentar comunicar com o exterior, mas o satélite não estava em funcionamento. Depois, pressiona 5-6 para aceder ao sonar, que também se encontra desactivado. Note-se que o cabo que Sayid encontrou na praia, nos primeiros episódios da série, liga a este sonar de modo a permitir a comunicação entre as escotilhas e submarinos ou outras embarcações. Por último, Marvin Candle indica que, caso tenha ocorrido uma invasão por parte dos hostis, deve ser introduzida a sequência 7-7. Deste modo, também podemos pensar que os explosivos foram colocados na escotilha pela Dharma, de modo a que, caso a estação fosse capturada, o local pudesse ser destruído. No entanto, fica a dúvida: nesse caso, porque razão os Outros não removeram os explosivos? De qualquer forma, Locke introduz 7-7 e não sabemos exactamente o que aconteceu depois. Não sabemos se Locke viu uma nova mensagem ou se simplesmente foi accionada a destruição da estação. A hipótese mais provável é a que este seja de facto um procedimento de emergência montado pela Dharma. De referir ainda as sequências em Russo deste episódio. Por um lado, temos o diálogo entre Klugh e Mikhail: Klugh: Mikhail. Mikhail! Tu sabes o que fazer. Há vários aspectos curiosos neste diálogo: Klugh parece estar num nível hierárquico superior ao de Mikhail e possuir informações tão importantes que prefere a morte a ser capturada e forçada a contar o que sabe. Klugh refere ainda que não poderia deixar os losties chegar ao território, possivelmente o local que vimos no início da terceira temporada e onde vivem os Outros. Mikhail refere que existe outra saída, que a morte não é necessária, mas Klugh não entende assim. Possivelmente, Ben ordenou que a morte era a única saída caso fossem capturados. Também interessante é a tradução da carta em Russo que Locke encontra na Chama: ... perdidos na sua terra, e eles têm de Será Andrey o verdadeiro nome de Mikhail? Ou serão estas as anotações do anterior ocupante da Chama? As referências a Nadji terão alguma relação com o "alias" de Sayid (Najeev)? Trata-se de um documento cujo significado provavelmente apenas se tornará claro com o avançar da história. Por último, é importante referir o nome Mikhail Bakunin, de um filósofo russo anarquista e revolucionário. Bakunin rejeitava os sistemas de governação de toda e qualquer espécie, bem como todas as figuras de autoridade (incluindo Deus). Por extensão, ele rejeitava a ideia de existirem classes privilegiadas. Serão estes indícios de que Mikhail poderá não ser apologista da liderança de Ben? Etiquetas: Curiosidades |