Curiosidades Tricia Tanaka is Dead
Logo no início de Tricia Tanaka is Dead, poderemos ter uma referência a "Amah Rock", na motorizada do pai de Hurley: "Amah Rock" é uma pedra que ocorre naturalmente no topo de uma colina em Sha Tin Sudeste, Hong Kong. A pedra tem cerca de 15 metros de altura e a sua forma assemelha-se a uma mulher que carrega o seu filho nas costas. De acordo com uma lenda, a fiel esposa de um pescador subia ao topo da colina todos os dias, carregando o seu filho, e esperava o regresso do seu marido que se tinha afogado no mar. Em recompensa pela sua fé, a Deusa dos Mares transformou-a numa pedra de modo a que o seu espírito se pudesse unir com o do seu marido. A música que passa no rádio, quando o pai de Hurley parte, é "Shambala", um êxito de 1973 da autoria de "Three Dog Night". De acordo com a mitologia Budista, que tem sido alvo de diversas referências nos últimos episódios da série, Shambala é um reino místico escondido algures nos Himalaias. Este reino é mencionado em diversos textos antigos que se referem a Shambala como um local físico ao qual só podem aceder indivíduos com o Karma apropriado. Note-se que o Karma é um conceito comum nas religiões Dhármicas (isto é, que se baseiam no Dharma) e denota todo o ciclo de causa e efeito das nossas acções. Ainda sobre Shambala, Dalai Lama refere que "só podemos dizer que é um local puro, um local puro no reino espiritual humano. E a menos que se tenha o mérito e associação kármica necessários, é um local impossível de alcançar". No vídeo de Orientação de 1975, revelado durante a Lost Experience, ficámos a conhecer os objectivos científicos da Iniciativa Dharma e Alvar Hanso referiu mesmo o significado mais espiritual de "Dharma". Deste modo, podemos pensar que um dos objectivos intelectuais ou espirituais da Iniciativa Dharma era o de encontrar ou construir Shambala, isto é, o seu próprio "reino" de pureza e riqueza espiritual. Podemos também pensar que a Ilha, ou um local na Ilha, poderia ser o "Shambala" dos membros da Iniciativa Dharma. Há ainda outro aspecto interessante relacionado com a música. Melodicamente, "Shambala" é quase uma cópia de "My Maria" de B.W. Stevenson. Apesar de esta última também ter sido um êxito, B.W. Stevenson nunca chegou a figurar nos "tops". Ou seja, em termos melódicos temos duas músicas que rimam uma com a outra, mas o seu conteúdo acaba por ser funcionalmente diferente. É desta forma que as histórias de Hurley e do seu pai se relacionam: David Hurley abandona o seu filho quando este o está a tentar ajudar; Hurley, por sua vez, parte para a Austrália quando o pai o tenta ajudar. Tal como as músicas, também estas narrativas acabam por "rimar". Quando Hurley consegue accionar o motor da carrinha Dharma, é novamente "Shambala" a música que toca no rádio. Claramente uma tentativa de criar um paralelismo com o flashback inicial, esta cena poderá ter também um significado mais profundo. Por um lado, podemos pensar que a "maldição" de Hurley foi quebrada. Por outro lado, podemos pensar que essa maldição nunca existiu. De facto, este episódio vai contra o que vimos em "Flashes Before Your Eyes" e adensa o conflito entre destino e livre arbítrio, um dos temas principais na série. De acordo com o episódio centrado em Desmond, não há qualquer forma de alterar o destino, visto que o Universo tem a capacidade de se auto-corrigir. A forma como algo vai acontecer pode mudar, mas o resultado final será sempre o mesmo (como no caso da morte de Charlie). Já de acordo com "Tricia Tanaka is Dead", o resultado final pode ser alterado e é introduzido o conceito de "sorte". Tal como David refere, "nós fazemos a nossa própria sorte", ou seja, nós temos a capacidade de agarrar naquilo que o Universo nos dá e manipulá-lo para obter um resultado final satisfatório. Podemos, por exemplo, entrar numa carrinha abandonada há mais de duas décadas, lançá-la por uma colina e accionar o seu motor, por mais improvável que fosse tal acontecimento. Nós podemos fazer essa escolha, porque somos nós que fazemos a nossa própria sorte, porque o ser humano é capaz de levar a melhor numa situação de risco e enfrentar o destino. A questão que podemos colocar é: será então possível salvar o homem dos ténis vermelhos? Ou Charlie? Hawking, em Flashes Before Your Eyes, tentou convencer Desmond que é impossível mudar o destino. No entanto, Hurley, mesmo com o "condenado" Charlie a bordo, consegue levar a melhor. Portanto, talvez seja impossível salvar o homem dos ténis vermelhos, mas o homem dos ténis vermelhos pode salvar-se, pois ele faz a sua própria sorte. Assim, este episódio poderá ser um ponto de viragem também na história de Charlie, que não pode ser salvo para sempre por Desmond, mas, segundo esta ordem de ideias, pode salvar-se a si mesmo. Tudo isto acaba por ir de encontro a uma das dúvidas que ficou em Flashes Before Your Eyes: porque razão Hawking, admitindo que o destino não pode ser alterado, insistiu para que Desmond não levasse o anel? Como se justifica essa preocupação se o resultado final das acções de Desmond seria sempre o mesmo? Talvez porque Desmond, tendo realizado uma viagem física ou de consciência no tempo, adquiriu o conhecimento de que as suas acções o levariam à Ilha e pode agora utilizar o livre arbítrio para alterar o seu destino. De facto, Desmond acaba por estar também ligado a esta ideia de "fazer a própria sorte" através da música "Make your kind of music". Tal como referimos nas curiosidades de Flashes Before Your Eyes, veremos quem ganha esta batalha com diversos intervenientes, desde o destino, o livre arbítrio ou a Ilha. Por último, vamos analisar com mais algum pormenor a descoberta da carrinha Dharma. Em primeiro lugar, será interessante perceber o que aconteceu à carrinha e ao seu condutor, Roger, um funcionário da escotilha Cisne cuja função está identificada apenas como "Work man". Parece-nos que a sequência mais provável de eventos será a seguinte: Roger conduzia, embriagado, a carrinha, utilizando algum tipo de estrada de terra construída pela Iniciativa Dharma. A carrinha sai da estrada e capota, acidente que inflige feridas graves em Roger. No entanto, o funcionário da Dharma, provavelmente devido ao seu estado de embriaguez, não se apercebe da gravidade dos seus ferimentos, retira a chave da ignição e tenta abandonar o veículo. Morre pouco depois, com a chave que Vincent encontra ainda na mão. Resta saber porque razão o corpo ou a carrinha nunca foram recuperados, mas é possível que a Dharma nem sequer soubesse onde procurar. Além disso, a vegetação cresce muito rapidamente, dificultando qualquer tentativa de recuperação. No interior da carrinha, são encontrados muitos papeis, sendo que um deles tem o título "Ho`oulu Lahui", que significa desenvolver, propagar ou inspirar espécies e tribos. Mas mais interessante será o mapa que Saywer descobre. Parecem ser planos para a construção de uma estrada na Ilha que começava na escotilha Cisne. Um pouco estranho é o facto de existir no mapa uma planta detalhada do Cisne, visto que a escotilha não se encontrava à superfície: Estranho é também o facto de a planta ser diferente daquela que vimos no mapa que Locke encontra na escotilha. De qualquer forma, pelos contornos topográficos, podemos concluir que a escotilha se encontra no ponto menos elevado daquela área e que ao mesmo nível se encontra um círculo com a letra "C" no interior: São ainda visíveis algumas anotações numéricas (2093480, cuja soma dos dígitos é 23, 3458 e 45-290VV) e duas tabelas de registos. É possível que a função de Roger fosse o transporte de itens entre as diferentes escotilhas e que esses registos sejam referentes a esse transporte. Por último, de referir as sinuosidades da estrada que a Dharma pretendia construir. Seria de esperar um percurso mais directo, em linha recta, certo? Etiquetas: Curiosidades |