Curiosidades Left Behind
Left Behind é desde logo o título da obra de Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins, composta por vários livros que retratam os últimos dias na Terra depois do arrebatamento da Igreja Cristã. Os livros baseiam-se nos eventos descritos no Apocalipse de São João, da Bíblia. A obra intitula-se "left behind" ("deixados para trás"), pois milhões de pessoas em todo o Mundo, mais concretamente aqueles que aceitaram o perdão de Cristo, desaparecem sem deixar rasto, deixando os restantes habitantes da Terra à mercê de Satã. Em termos de relações com este episódio de Lost, podemos dizer que o arrebatamento cristão é semelhante ao desaparecimento dos Outros: não só desaparecem sem deixar rasto (como Sayid referiu), como também deixam para trás aqueles que não foram perdoados ou são inadequados. De facto, sabemos que Juliet foi marcada na sequência do seu julgamento no episódio "Stranger in a Strange Land", certamente uma forma de a identificar como problemática para a sociedade dos Outros. Da mesma forma, Locke diz ter elaborado um "caso forte" por Kate, mas o perdão não é "o forte" dos Outros. Por último, sabemos também que Mikhail considera Sayid incapaz de compreender a missão dos Outros. Locke, por sua vez, terá sido alvo de um teste ao ter de enfrentar Cooper, um teste do qual não conhecemos ainda o resultado, mas que Locke parece ter passado. Quanto a Jack, o seu papel nesta comparação não é de todo claro. Será Jack um dos "rejeitados"? Relativamente às intenções de Ben, muitos Losties pensarão estar perante uma armadilha quando Juliet chegar ao acampamento ou quando souberem do abandono da vila dos Outros. Este conceito de "armadilha" está ligado a um dos jogos existentes no salão onde Kate foi aprisionada, o nosso já conhecido "Mouse Trap": "Mouse Trap" surge pela primeira vez na série durante o episódio "Deus Ex Machina", onde Locke explica, a um potencial cliente, a mecânica do jogo. Locke diz ainda que este é o seu jogo favorito e que costumava jogá-lo com o irmão adoptivo. Será este irmão alguém que conhecemos? Alguém que pertence aos Outros? Armadilha ou não, o abandono de Juliet deixa uma grande questão: até que ponto poderemos confiar nela, sabendo que mentiu sobre as algemas e, inicialmente, sobre o monstro de fumo? Será verdade que Juliet foi gaseada enquanto fazia chá na sua casa? Analisando a sequência de eventos que levou Juliet e Kate a ficarem gaseadas, algemadas e deitadas na selva, parecem existir vários pontos a esclarecer. Em primeiro lugar, o que aconteceu exactamente na vila dos Outros? Terá sido abandonada, pois agora os Losties conhecem a sua localização? E se foi um simples abandono, como justificar as máscaras de gás e as armas? Terá existido algum tipo de revolta por parte dos membros anti-Ben (dos quais Juliet faz parte)? Mas o aspecto mais estranho será provavelmente o facto de a vedação ter sido desligada. Sabemos, através do mapa que Sayid encontrou em "Enter 77", que os Outros possuem pelo menos duas passagens subterrâneas com origem na Othersville. Nesse caso, não necessitariam de desactivar a vedação para sair e a sua vila continuaria protegida contra os Losties, animais selvagens, o monstro de fumo, etc. Uma boa hipótese é a de que Juliet não tenha conhecimento destes túneis e tenha sido ela a desligar a vedação. Depois, tenha sido gaseada ou não, arrastou Kate para o interior da selva e algemou-se a ela. Tal explicaria porque razão Juliet estava convicta de que a vedação estaria desligada quando fugia do monstro de fumo. Outra hipótese é a de que tudo isto faça parte de mais um plano muito elaborado de Ben. Esse plano poderia ter-se iniciado com o vídeo que Juliet mostra a Jack, prosseguindo com o julgamento, a intervenção de Jack e a consequente "marcação" de Juliet. A confiança de Jack está ganha, o próximo passo é trabalhar sobre Kate. De qualquer forma, o facto de os Losties terem sido gaseados poderá estar relacionado com as tais passagens subterrâneas. Dado que não é de todo evidente, pelas imagens a que temos tido acesso, qualquer tipo de entrada para um desses túneis, é possível que esta entrada seja feita através dos próprios edifícios. Em particular, é possível que o salão de jogos onde Kate se encontrava aprisionada seja um desses locais, daí a necessidade de a gasear, para manter o secretismo relativamente à entrada para os túneis. Quando Juliet reactiva a vedação sónica, podemos observar que o código para o efeito é 16-23, novamente uma aparição dos Números: Em seguida, segue-se o confronto com o monstro de fumo. Muitos fãs têm questionado porque razão o monstro de fumo não sobrevoou os pilares, visto que tem a capacidade de se elevar. Uma possível explicação é a de que o monstro tenha ido em direcção a Juliet, que se posicionou adequadamente, e esbarrado na vedação. Analisando a cena novamente, parece ser precisamente isso que acontece: No entanto, isto não chega para explicar porque razão o monstro, depois de ter esbarrado na vedação, não tomou medidas para ultrapassar este obstáculo. A explicação mais simples é a de que a maior parte dos fãs tenha partido do pressuposto errado de que o monstro é dotado de inteligência. De facto, independente da sua origem mecânica, biológica ou de outra ordem, nada indica que o monstro seja capaz de efectuar raciocínio dedutivo e aprendizagem. Tal é evidente quando Kate e Juliet, à semelhança do que tinha acontecido em episódios anteriores, se conseguem proteger do monstro, escondendo-se atrás de uns troncos. Mais uma vez, a "máquina" encontra um problema que não está "programada" para resolver e não tem outra hipótese senão recuar. Para os que defendem que o monstro se trata de uma criação do Homem, a explicação poderá ser outra: o monstro pode ser uma manifestação electromagnética e como tal necessita de um "plano de terra" (ground plane). Um plano de terra é como um ponto de referência e bastaria que este se encontrasse a uma altura inferior à dos pilares da vedação para que o monstro não conseguisse atravessá-la. Continuando a assumir que o monstro tem origem científica e que terá sido criado pela Iniciativa Dharma, acaba por ser lógico que o monstro, enquanto sistema de segurança que protege algo na Ilha, tenha sido programado para ser incapaz de vencer o sistema de protecção da vila dos Outros, que poderia servir de base de operações para os projectos da Iniciativa. Independentemente dos pormenores sobre a sua criação, a origem mecânica do monstro parece ser a única forma de explicar o que o monstro fez a Eko e Juliet. Em 23Psalm, a mente de Eko é alvo de um "scan" e vemos, no interior do monstro, imagens do passado do Padre Nigeriano. No encontro com Juliet, vemos algo semelhante, mas com uma luminosidade mais intensa, o que pode ser explicado com o facto de a cena decorrer num cenário nocturno. Será o monstro de fumo um sistema desenhado para analisar profundamente os habitantes da Ilha e decidir o seu destino? Mas como justificar a sua ligação com as aparições de Yemi, por exemplo? Aqueles que defendem que o monstro se trata de uma criação da Natureza, não ficarão muito surpreendidos com o comportamento "animal" evidenciado neste episódio. Contudo, mesmo assumindo que o monstro precede a Iniciativa Dharma e os Outros, a função e composição desta criatura permanecem um mistério. Desde que Locke descobriu o mapa da escotilha, tem sido feita a associação entre "Cerberus", algo que Radzinsky refere no mapa, e o monstro de fumo. Recentemente, através dos puzzles oficiais de Lost, foi revelado o significado da sigla CV, que surge várias vezes no mapa. CV é então a sigla de "Cerberus Vent", ou "Respiradouro de Cerberus". Parecem existir quatro "respiradouros": CV I, que Radzinsky identifica como "pouco provável" (a sua localização?); CV II, que Radzinsky considera estar "inactiva depois do incidente"; CV III, anotada com "Save yourself from Hell/the Underworld" ("Salvem-se do Inferno/Submundo); e CV IV, anotada com "A mouse does not rely on just one hole" ("Um rato não se limita a um único buraco"). Os primeiros dois respiradouros situam-se perto da estação Cisne. O terceiro respiradouro está localizado junto de uma zona identificada como "Primary Nexus of Cerberus related activity" ("Núcleo principal de actividade relacionada com Cerberus"). Por fim, o quarto respiradouro situa-se perto de uma escotilha, não identificada por Radzinsky e possivelmente ainda por descobrir. Todas estas referências do mapa levam-nos a concluir que o monstro de fumo tem uma função semelhante a Cerberus, ou Kerberos, um cão da mitologia Grega que guardava a entrada de Hades, o reino subterrâneo dos mortos ("Underworld"). Cerberus possui várias cabeças, geralmente três, e como cauda apresenta normalmente uma serpente e, por vezes, um dragão. A função de Cerberus é impedir que as almas abandonem o Inferno, isto é, impede a saída e não a entrada. Da mesma forma, a função do monstro de fumo poderá ser impedir a saída da Ilha. A correspondência entre Cerberus e o monstro de fumo é ainda mais evidente se observarmos com mais atenção o segundo encontro de Juliet com o monstro: Nestas imagens, o monstro parece estar dividido em três partes, as três cabeças de Cerberus. É possível que cada uma destas partes tenha uma identidade própria, o que explicaria os ruídos tão distintos que o monstro produz. De facto, por vezes, ouvimos ruídos próprios de um animal de grande porte (antes de esbarrar na vedação, ouve-se algo muito semelhante a um elefante), enquanto que outras vezes ouvimos um som semelhante ao de uma montanha-russa (algo que alguns fãs identificam como sendo o som da abertura "dos portões para o Inferno") e em outros momentos ouvimos ainda um som sibilante. Por último, e referindo novamente a ideia de que o monstro analisa os habitantes da Ilha, podemos pensar que este ser é o reflexo das emoções de cada um desses habitantes. Talvez faça parte da "caixa" de que Ben fala em "The Man From Tallahassee", a "caixa" que concede desejos. O piloto do voo 815, por exemplo, demonstrava sentimento de culpa pela queda do avião e talvez sentisse que deveria ter morrido durante a queda. O monstro acaba por matá-lo. Já Locke, quando encontra o monstro pela primeira vez, estava maravilhado com o que veio encontrar na Ilha e, deste modo, viu "algo belo" durante esse encontro. No segundo encontro, temos Locke já obcecado com a escotilha e com o desejo de conhecer o que se encontra no subterrâneo. Curiosamente, o monstro tenta arrastá-lo precisamente para o subterrâneo. Eko, por sua vez, estava confiante e sem medo no seu primeiro encontro com o monstro. Já no segundo encontro, Eko encontrava-se num estado psicológico bem mais fraco, lutando contra os seus demónios interiores, algo que lhe poderá ter sido fatal. Nesse caso, será que, interiormente, Eko não se tinha perdoado a si próprio pela vida que levou? Etiquetas: Curiosidades |