As novas personagens - Daniel Faraday
Depois de regressarmos em grande a LOST com “The Beginning of the End”, eis que os produtores de LOST elevam ainda mais a fasquia e dão-nos um episódio de dar a volta à cabeça. A apresentação das tão esperadas quatro personagens, já chamadas de Freighter Four, ocorreu, se é que é possível, tanto de maneira suave como explosiva. A inclusão de novas personagens numa história é uma faca de dois gumes, dá uma lufada de ar fresco à história mas tanto pode ser aceite pelos fãs (Eko, Desmond, Ben, Juliet), como rejeitada (Ana-Lucia, Libby, Paulo, Nikki) mas pelo que se pode ver, para já, Daniel, Miles, Charlotte e Frank não tem nada a recear. ![]() Vamos ao longo desta semana debruçar-nos sobre estas novas personagens, quem elas são, e o que podem trazer para a mitologia de LOST. A primeira é Daniel Faraday. Os Freighter Four têm algumas semelhanças, nada subtis, com o Quarteto Fantástico da Marvel Comics. LOST tem feito algumas parcerias com a Marvel (imagens e texto de LOST tem sido escondido em banda desenhada da Comics), e este episódio foi escrito por não outro que Brian Vaughan, cujo trabalho na Marvel é digno de ser lido. ![]() Faraday é também o apelido de Michael Faraday, o filósofo naturalista do século 19 que focava a sua atenção no electromagnetismo e química. Muito do trabalho de Faraday foi adoptado por James Clerk Maxwell, o físico escocês do século 19 que dá o nome ao The Maxwell Group, que financiou a busca de Christiane I pelo Black Rock (se não sabe do que estamos a falar, veja aqui). Uma das observações chave de Faraday foi sobre como a luz interagia com o magnetismo. Faraday descobriu que quando a luz passa por um campo magnético, a polarização das ondas da luz muda em proporção à força do campo magnético. Esta mudança cria um efeito que quebra a simetria de tempo reverso. ![]() Michael Faraday também desenvolveu uma espécie de escudo magnético chamado Cela Faraday. Digamos que temos um quarto com algum equipamento electrónico que precisamos de proteger de forças estáticas eléctricas exteriores e radiação electromagnética. Ao colocar o quarto protegido por fios ou outro material condutor qualquer, a carga eléctrica natural dos fios redistribui-se a si própria e cancela as cargas eléctricas exteriores. Isto poderá confirmar a teoria que os Losties estão numa ilha tipo globo de neve, estando protegidos por um campo magnético, possivelmente sendo esta a razão pela qual todos os instrumentos dos aviões e helicópteros ficam doidos quando chegam perto da ilha. Inserir os números no Cisne permitiria que o campo se mantivesse fraco, aumentando à medida que o contador chegava ao zero. O avião ter-se-ia despenhado porque, embora a escotilha ainda existisse na altura, a contagem tinha terminado e portanto o campo estaria na energia máxima. Quando a escotilha implodiu, o campo teria sido colocado permanentemente no máximo, o que justificaria o sorriso de Ben nas docas. Ele sabia que a ilha estaria muito mais segura a partir daquele momento. Ainda sobre Michael Faraday é interessante mencionar o Instituto Faraday que foi criado em 2006 na Universidade de Cambridge em Inglaterra. O objectivo principal do instituto é explorar o nexo da ciência e da religião; Michael Faraday declarou que a sua fé permitiu-lhe alcançar as suas descobertas na ciência, e o instituto é organizado à volta da premissa que a ciência e a fé podem ser conciliadas. Isto é algo familiar aos cientistas da Dharma cujas interacções entre si começavam e terminavam com um “namaste”. Tudo isto pode levar-nos a concluir que Daniel foi levado para ilha com o propósito de estudar as características electromagnéticas desta. Contudo, as suas afirmações acerca de especialização em várias áreas, assim como o seu comportamento errático, indicam que ele pode ser de alguma forma autista ou um “savant” emocionalmente instável. Como já falamos, Daniel aparece neste episódio a chorar inexplicavelmente perante a descoberta dos destroços do Oceanic 815. Como explicar esta tristeza que ele sente? ![]() Desde logo surgem diversas teorias para esta situação. Uma possibilidade que foi avançada foi a de Daniel ou algum do seu trabalho estarem envolvidos com a farsa da descoberta do 815, ele de alguma forma sente ou apercebe-se disso e a culpa toma conta dele. Outra teoria avança com a possibilidade de que Daniel supostamente iria estar no voo 815. Talvez ele sinta que “era o seu destino” estar no avião e tem sofrido desde então por ter escapado. Parece que Daniel, Frank e Charlotte estavam bastante obcecados com os detalhes do 815. Não é ridículo que uma pessoa que tenha seguido muito de perto uma história trágica nas notícias chore quando é revelado que não existem sobreviventes. Talvez aquela cena tenha sido apenas uma forma de mostrar como Daniel é mais sensível que os outros três. Ele também fez questão de querer levar o corpo de Naomi enquanto Frank e Miles eram muito mais práticos. Podemos contrastar a reacção de Daniel à de Miles, este não tem qualquer reacção emocional ao ouvir a notícia na rádio. Noutra teoria, talvez mais rebuscada (ou não), talvez fosse suposto todos estarem no avião. De facto, noutra dimensão/universo paralelo talvez eles estivessem todos no avião. A série (e mais recentemente, Naveen Andrews) deu a pista de dimensões alternativas, e talvez Desmond, rodando a chave de segurança, tenha provocado algo como uma divisão na realidade, uma divergência nos acontecimentos. Desmond voltou e viveu a sua vida outra vez – no final tomou a mesma decisão, mas viveu-a de maneira diferente. Talvez, nesta “segunda hipótese”, aqueles que deveriam ter estado no avião, estavam, e Desmond não deixou o relógio passar do zero. Talvez seja a explicação para Faraday estar tão comovido pelas notícias, porque algures, bem no fundo sabe que de facto está a ver os destroços do avião em que morreu. E Frank, estaria na realidade, a olhar para o seu próprio corpo. ![]() O próximo post será sobre Miles Straume. Etiquetas: Curiosidades |