Duas Horas de Viagens no Tempo, Buracos de Verme e Matéria Exótica
Aqui fica mais um artigo da Popular Mechanics, escrito por Erin McCarthy, que pretende analisar a ciência por detrás dos acontecimentos do season premiere da quinta temporada. "Viajando pelo tempo Damon Lindelof, produtor executivo de Lost, disse em tempos à Popular Mechanics que conhece praticamente todas as histórias de viagens no tempo que foram escritas até hoje. O season premiere da quinta temporada, divido em duas partes, "Because You Left" e "The Lie", alimenta-se desse conhecimento acumulado de Lindelof. Na temporada passada, vimos Ben (o ex-líder dos Outros) activar um buraco de verme (wormhole) e mover a Ilha pelo espaço-tempo, de modo a protegê-la do execrável Charles Widmore, que há 20 anos tenta encontrar a Ilha. No início da quinta temporada, descobrimos que a Ilha se encontra "deslocada" no tempo e salta agora, como um disco, entre o passado e o futuro - pelo menos, segundo o que diz o físico Daniel Faraday, cuja história pessoal com a Ilha parece remontar aos anos de glória da Iniciativa Dharma (a menos, claro, que a cena inicial se trate apenas de uma viagem pelo tempo). Muita da física envolvida na cena inicial da temporada reside na presença de matéria exótica (por definição, matéria que viola as condições clássicas da física) por debaixo da estação Orquídea. Temos um vislumbre da construção da estação em "Because You Left". No season finale do ano passado, o Dr. Pierre Chang (como Edgar Halliwax), a face dos vídeos de orientação da Iniciativa Dharma, explicou que a matéria exótica existente por debaixo desta estação particular - uma das várias existentes na Ilha - faz uso do Efeito Casimir, o que permite aos cientistas manipular o tempo. No ano passado, Michio Kaku, físico e guru de viagens no tempo, disse à Popular Mechanics que alguns cientistas acreditam que é possível viajar no tempo através de buracos no espaço-tempo, conhecidos como buracos de verme, mas existem problemas que têm de ser ultrapassados. Em primeiro lugar, seriam necessárias quantidades imensas de energia para criar um buraco-negro, que funcionaria como um portal para outro ponto no espaço-tempo. Seria, no entanto, uma viagem só de ida: os buracos-negros não são estáveis o suficiente para permanecer abertos por si só. Para criar um buraco de verme, um portal estável através do espaço-tempo que permitisse viagens de regresso, seriam necessárias quantidades inconcebíveis de energia. Inconcebíveis a menos que se esteja numa Ilha que faz paraplégicos andar, contenha um mostro de fumo e possa desaparecer da face da Terra. Os físicos já conseguiram criar pequenas quantidades de energia em laboratório utilizando o Efeito Casimir - flutuações quânticas que permitem criar energia no vácuo - mas o que foi gerado em laboratório não é suficiente para manter um buraco de verme aberto, diz Kaku. Matéria Exótica Chang avisa um trabalhador da Dharma, que perfura a terra numa tentativa de aceder a uma roda enterrada (a mesma roda que Ben usou para mover a Ilha, 30 anos mais tarde) que, sob nenhumas circunstâncias, deverão os trabalhadores envolvidos na construção da estação Orquídea detonar explosivos junto à "bolsa" de matéria exótica. Quando lhe perguntam o que iria acontecer, Chang diz apenas "Que Deus nos ajude a todos". A matéria exótica é um conceito hipotético e físicos, como Kaku, sabem "quase nada" sobre as suas propriedades. Matéria desse tipo teria sido "formada quando a Terra era jovem e, posteriormente, flutuado para o espaço", diz Kaku, "e, deste modo, não resta nenhuma desta matéria na Terra". Contudo, é possível que uma "bolsa" desta matéria tenha ficado, acidentalmente, encurralada no subsolo. Os físicos teorizam que a matéria exótica pode ter propriedades anti-gravitacionais (pelo que iria cair) ou pode possuir energia negativa (absorvendo energia em seu redor, tornando-a susceptível de produzir uma implosão). E, se tivesse propriedades anti-gravitacionais, não quereria ficar na Terra: em vez disso, iria propulsar violentamente para o espaço. "Seria bastante perigosa para quem a encontrasse", diz Kaku. O tempo é como uma linha Daniel Faraday, o já referido físico que viajou para a Ilha num cargueiro fretado pelo super-vilão Widmore, avisa os sobreviventes que, apesar de estarem a saltar no tempo, eles não podem alterar o passado ou o futuro. "O tempo é como uma linha", explica ele. "Podemos avançar na linha, podemos recuar, mas não podemos criar um nova linha". Alguns físicos olham para o tempo como um rio, diz Kaku, que serpenteia pelo universo a diferentes velocidades. "Há duas formas de resolver o paradoxo das viagens no tempo", explica Kaku. "A primeira é o rio do tempo dividir-se em dois rios, pelo que podemos mudar um dos caminhos do universo, mas não o nosso próprio caminho". Esta teoria, que afirma que o nosso universo é apenas um entre um número infinito de universos, é conhecida como a Teoria do Meta-Universo e é aquela em que Kaku acredita. Os criadores de Lost, contudo, seguiram uma abordagem diferente, sugerida por físicos russos. "Existem redemoinhos no rio do tempo, por isso deixamos a linha temporal e voltamos ao passado", diz Kaku. "Eles acreditam que, quando voltamos atrás e percorremos um caminho diferente, existe algum princípio físico que nos impede de mudar o passado e tornar o futuro impossível (N.T. o que em Lost se chama "correcção de curso", course-correcting). Equações no Quadro E o que dizer daquelas equações que Mrs. Hawking - sim, a mesma mulher que disse a Desmond para desistir da proposta de casamento e ir para a Ilha salvar o mundo - escrevia no quadro de giz no final de "The Lie"? São equações probabilísticas, que vem da mecânica quântica. "A única razão que levaria alguém a se interessar em probabilidade é o cálculo do efeito da radiação", diz Kaku. "E a radiação está relacionada com a estabilidade de um buraco de verme. Suponha-se que uma lanterna acesa atravessa um buraco de verme. Poderia ir para o passado, mas os seus fotões não desapareciam; iriam voltar a entrar uma segunda vez, e outra e mais outra, numa espécie de círculo, até que toda aquela acumulação iria resultar numa explosão". Talvez deslocar a Ilha no tempo tenha tornado a matéria exótica e o buraco de verme instáveis, sendo essa a razão pela qual a pandilha de Ben, composta pelos Oceanic 6 e outras personagens misteriosas, têm apenas 70 horas para voltar e "consertar" as coisas, antes que a Ilha - ou o mundo inteiro - expluda. Mas essas são questões para uma outra altura." Tradução: LOST in Portugal Etiquetas: Curiosidades |