O significado dos Números - Segunda Parte
Neste post vamos apresentar algumas teorias alternativas e igualmente prováveis para o significado dos Números e da equação Valenzetti. A leitura deste post deve ser acompanhada de uma leitura prévia do post anterior. Comecemos por uma teoria que põe em causa a própria utilidade da equação e a veracidade dos seus resultados, sugerida em parte pelo utilizador Matt the Pale, do blog The Lost Experience Clues. Depois de vermos o vídeo do Sri Lanka, ficámos com a ideia de que Alvar Hanso acreditava mesmo que a equação Valenzetti era capaz de prever o número exacto de anos e meses até à extinção da humanidade. Imediatamente podemos colocar a questão: será possível conceber uma equação destas? De um ponto de vista meramente científico, parece altamente improvável que Valenzetti tenha conseguido enumerar todos os factores que podem contribuir para a extinção da humanidade. Há algumas semanas atrás, pensava-se que o matemático italiano apenas tinha considerado a hipótese da guerra nuclear (como sugerido pela teoria do fim do mundo). Agora sabemos que, além da guerra nuclear, Valenzetti considerou um conjunto de outros factores, como pandemia, armamento químico e biológico, etc. Esta ideia de que toda a evolução da humanidade pode ser descrita por uma simples equação, com apenas seis factores nucleares, é um pouco irrealista. Além de a equação ter, necessariamente, de ser muito complexa, há ainda o problema das variações ambientais e humanas inesperadas, como um avanço tecnológico que interfira, positiva ou negativamente, com qualquer dos factores utilizados pela equação. Uma equação deste tipo teria de ser constantemente revista e os seus parâmetros actualizados. Assim, a equação Valenzetti pode ser apenas uma profecia, estando vulnerável às constantes mudanças na civilização humana. Contudo, tal como qualquer profecia, o seu poder reside na crença das pessoas e na capacidade que tem de alterar o comportamento destas. Alvar Hanso, possivelmente influenciado pelas ideias do socialismo utópico e pelo sentimento de culpa resultante da destruição causada pela Segunda Guerra Mundial, sentiu necessidade de acreditar na equação. Em algum momento, Mittelwerk terá descoberto a verdade sobre a equação e decidido utilizar o seu poder enquanto profecia. Mas qual será o seu verdadeiro objectivo? Temos vindo a dizer, tanto no último post, como nos comentários, que, apesar de ética questionável, as acções de Mittelwerk não estão erradas. Afinal, o director executivo da Hanso está apenas a tentar salvar a humanidade da única forma que ele julga ser possível, depois de todos os outros esforços terem falhado. No entanto, caso se confirme a inutilidade da equação, as intenções de Mittelwerk serão tudo menos boas e o mais provável é mesmo que Mittelwerk queira... o fim da civilização humana. Esta mudança radical nos acontecimentos talvez não seja tão surpreendente quanto parece. Curiosamente, o nome de Mittelwerk vem de um campo de concentração alemão, utilizado pela facção Nazi durante a Segunda Guerra Mundial, e, tal como Hitler, Mittelwerk nasceu na Áustria e perdeu a mãe relativamente cedo (em ambos os casos por doença). Deste modo, à semelhança do ditador alemão, Mittelwerk pretenderá reconstruir a civilização humana à sua imagem, baseando-se na sua própria concepção de "pureza humana". Para alcançar este objectivo e garantir que os programas da Hanso continuam a ser financiados, ele precisa que todos acreditem na equação e nos seus resultados. Poderá ser por essa razão que Mittelwerk faz as "sessões de esclarecimentos" sobre a equação Valenzetti e os Números, apresentando como prova o filme de Orientação de 1975. Além disso, o interesse de Mittelwerk nos compostos psicotrópicos de Hackett, que aparentemente podem ser introduzidos nos alimentos sem alterar o sabor dos mesmos, é outro aspecto a favorecer esta teoria. Hanso terá sido afastado da liderança porque descobriu as verdadeiras intenções de Mittelwerk, mas essa decisão também pode ter sido sua, isto é, com a confirmação da inutilidade da equação Valenzetti, Hanso pode ter decidido abandonar a fundação. Perante esta teoria, a questão mais pertinente será: então e os Números, também são inúteis e não têm qualquer significado? Não parece ser esse o caso. De facto, podemos pensar na equação Valenzetti como "fazendo parte dos Números" e não o contrário. Ou seja, os Números, que continuamos a pensar estarem relacionados com todos os males do mundo, terão uma "entidade própria" e utilizam vários meios para realizar a sua "propaganda". A equação será apenas mais um desses meios. Mas a resposta à dúvida que levantámos sobre a utilidade da equação não é importante para o restante desta discussão. Na verdade, facilmente conseguimos apresentar um argumento que contraria a teoria apresentada anteriormente. Se, por um lado, é verdade que a própria ideia que está na base da equação é algo irrealista, também é verdade que os factos nos dizem que não estamos perante uma equação "comum". Basta pensarmos que nenhuma equação conhecida utiliza hieróglifos. Portanto, é possível que, quando criou a sua equação, Valenzetti se tenha baseado não apenas em factores científicos, mas também no estudo de cultos e civilizações antigas. Esta incursão do matemático pelo mundo do oculto poderá não ter sido do agrado do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que, como sabemos, decidiu não dar grande importância à equação que requisitou. Todos os sobreviventes do voo 815 já conviveram de alguma forma com estes valores, mesmo antes de entrarem no avião da Oceanic Airlines. Mais, os Números surgem em momentos chave da vida das personagens, como na lotaria de Hurley, a recompensa por Kate, o cofre de Locke, o número do voo, a escotilha, etc. Estas estranhas "coincidências" introduzem um factor "Destino" na história, isto é, ficamos com a ideia de que aquele grupo de pessoas específico sempre esteve destinado a encontrar aqueles Números e a Ilha. Tal como a equação Valenzetti parece estar destinada a devolver sempre os mesmos valores, "funcione" ou não correctamente. Tal como a humanidade pode estar destinada à extinção, faça as modificações ambientais e humanas que fizer. Podemos, como sugeriu o nosso comentador Janus, considerar que a inserção dos Números na vida dos losties foi feita pela Hanso Foundation e seus associados, como uma espécie de encenação da vida "pré-ilha", de forma a permitir a familiarização com aqueles factores. Tal como diz o Janus: "Se toda a trama se resume aos números e se, durante toda a sua vida, os números, mesmo que inconscientemente, estiverem no "fundo" da cabeça deles, seria uma espécie de conhecimento avançado das premissas." O argumento que podemos apresentar contra esta teoria é o facto de não ser ainda óbvio qual a função, se é que existe, que os losties devem desempenhar na Ilha. No caso de Desmond, podemos pensar que o pai de Penelope, Charles Widmore, poderia ter interesse em levá-lo para a Ilha, de modo a o afastar definitivamente da filha. Os sobreviventes do voo 815 poderão ter alguma relação com as experiências da Dharma, mas até agora nada sabemos relativamente a esse aspecto. Podemos também, como tantas vezes nos sugerem os sonhos e visões das personagens, pensar no Destino como o verdadeiro responsável. O mesmo Destino que lhes fornece constantemente sonhos e visões que os levam a realizar descobertas fantásticas na Ilha. O mesmo Destino que poderá ter levado Magnus Hanso e o Black Rock à Ilha, tal como Rousseau, Desmond, a civilização que criou a estátua, e a própria Dharma Initiative. Resta saber quais as intenções dessa entidade. A segunda temporada parece definir claramente um confronto entre os losties e a Dharma Initiative. O próprio Locke, depois do entusiasmo inicial, perdeu a fé na escotilha. Será o confronto com a Dharma, com os Outros, a razão que levou os losties à ilha? Serão eles a "cura da Ilha", fustigada pelas experiências realizadas durante mais de 30 anos, ou a doença? Novamente, uma teoria do Janus pretende responder a esta questão. Segundo ele, os losties são "a doença da Ilha", da mesma forma que o ser humano é "a doença do mundo exterior". Os DeGroots e Hanso conceberam um local perfeito, totalmente controlado e protegido de influências exteriores. Em 2004, o voo 815 despenha-se na Ilha e os 50 sobreviventes iniciam uma nova civilização. Apesar de terem a hipótese de não incorrerem nos mesmos erros civilizacionais que o mundo exterior, eles vão fazê-lo de qualquer forma, pois faz parte da natureza humana. As experiências na Ilha, levadas a cabo pelos Outros, teriam assim como objectivo descobrir o que leva a humanidade ao caos e, deste modo, eliminar as falhas humanas e alterar os valores da equação Valenzetti. É por esta razão que os Outros se vêem como "boas pessoas" e raptam os losties: para os estudar e tentar "convertê-los". Isto porque, apesar de inconscientemente, os losties são a desgraça da Ilha. Esta teoria ganha ainda mais força se pensarmos nos outros grupos que existiram na Ilha: o desespero de Desmond fez com que matasse Kelvin; Rousseau matou toda a sua equipa, porque pensava que todos estavam infectados com uma doença. De facto, parece ser assim que o ser humano funciona: em direcção ao caos. Para terminar, apresentamos uma teoria alternativa sobre o resultado das experiências da Dharma Initiative. É possível que, ao contrário do que diz Mittelwerk, a Dharma tenha sido bem sucedida nas suas experiências, mas apenas no ambiente controlado da Ilha, isto é, no "globo de neve" que Desmond refere. Tal explicava, por exemplo, como é que nenhum dos losties ficou doente, como aconteceu com a equipa de Rousseau, e mesmo como a Ilha curou alguns deles. Se as experiências da Dharma tiverem sido bem sucedidas e os factores nucleares da equação tiverem sido alterados, a Ilha pode ter adquirido propriedades curativas, derivadas da sua energia electromagnética. Para testar estas alterações de uma forma mais concreta, do que apenas no simulador da escotilha, a Dharma pode ter lançado, nos anos 80, um vírus poderoso na Ilha. Caso o teste fosse bem sucedido, ou seja, caso os habitantes da Ilha fossem imunes ao vírus, confirmava-se que os factores tinham sido alterados com sucesso. Naturalmente, terá sido elaborada uma vacina, para o caso de a experiência correr mal. A equipa de Rousseau pode ter sido inadvertidamente infectada pelo vírus, o que demonstra que as propriedades curativas da Ilha estavam ainda muito longe da perfeição. A grande preocupação da Dharma, após essa experiência, seria transportar os poderes curativos da Ilha para o mundo exterior. Possivelmente, na tentativa de o fazer, terá ocorrido o incidente. Quanto questionado por Desmond sobre o incidente, Kelvin falou numa "fuga" e todos pensámos que estaria relacionada com a libertação de energia electromagnética. Contudo, também podemos pensar em "fuga de informação". Desde o primeiro instante, o secretismo foi uma das grandes preocupações do projecto. Ao tentar trazer para o exterior os poderes curativos da Ilha, esse secretismo pode ter sido quebrado e todo o projecto foi posto em causa. Possivelmente, as primeiras experiências no exterior tiveram resultados desastrosos, o que levou Mittelwerk a optar pelo cancelamento do projecto. Os Outros continuaram na Ilha, até hoje, tentando perceber de que forma poderão extender os resultados obtidos a uma escala global. Quarta fase da Lost Experience? Concluido o vídeo do Sri Lanka, estamos novamente sem saber ao certo em que fase está a Lost Experience. Os únicos sites activos neste momento são o whereisalvar e o apollocandy. Rachel prometeu mais uma grande revelação no whereisalvar e, julgando pelo nome do site, poderemos pensar que será a localização de Alvar Hanso. Entretanto, têm surgido algumas mensagens encriptadas nos sites oficiais da Lost Experience. Estas mensagens estão a ser trocadas entre Rachel e Malik, o homem que a ajudou em Paris. Nas quatro mensagens reveladas até agora, Rachel diz a Malik que foi ajudada no Sri Lanka por de Zylva, um velho conhecido de Malik. Depois, Malik pede-lhe que vá ter com ele à Noruega, mas Rachel, de forma a ter a certeza de que está a falar com a pessoa certa, exige que o homem lhe diga algo que só ele pode saber. Malik responde que, enquanto fugiam pelas escadas em Paris, Rachel desligou o microfone quando ele diz "Porque ele quer que eu te ajude, e eu não ia questionar um homem que lançou o programa Mental Health Appeal... para salvar alguém que ama." Infelizmente, o site da Hanso Foundation não identificava o autor do programa. Muito se tem especulado que será Alvar Hanso o protector de Rachel e que existe uma ligação familiar entre ambos. A pessoa que Alvar tentou salvar pode ter sido a mãe de Rachel, mas, devido a uma intervenção de Mittelwerk, algo pode ter corrido mal e provocado a morte da mulher. Certamente explicaria muita coisa... Etiquetas: Dharma, Lost Experience, Números |